segunda-feira, 22 de outubro de 2012

AVENIDA BRASIL

Quando pensamos em toda a realidade espiritual da nossa Pátria, podemos lançar um olhar usando como referência uma novela que se tornou um fenômeno de audiência. O nome já é bem sugestivo, Avenida Brasil, emprestado de uma longa via que atravessa a cidade do Rio de Janeiro, RJ.

As pesquisas detectaram que oito entre dez aparelhos de TV  sintonizaram no folhetim, rendendo em determinados capítulos 50 pontos de audiência, o equivalente a 46 milhões de telespectadores. O fenômeno aconteceu porque  “a novela explorou um elemento perturbador, mas absolutamente incontornável na vida em sociedade: o desejo de vingança”, diz a matéria de capa da Veja (8agosto2012).

Não é de se admirar que a trama cativasse tanto a atenção das pessoas. A vingança foi inúmeras vezes o tema de muitas histórias bíblicas, como Ester, Davi, Isaú e Jacó e outras da mitologia como as histórias de Medeia ou Zeus ou ainda  da literatura secular como O Conde de Monte Cristo.  O sentimento de vingança está presente no nosso dia-a-dia, quer como alvos dele ou como certos desejos escondidos no coração, ainda que entregues como forma de mortificação da carne na presença de Deus.

Todos sabemos que a vingança pertence a Deus: “Não vingueis a vós mesmos” (Romanos 12:19)” ou “Não digas: vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor e ele te livrará” (Provérbios 20:22) , ou ainda, “Quando cair o teu inimigo, não te alegres... para que o Senhor não o veja, e isso seja mau aos seus olhos” (Provérbios 24:17-18). Quando Jesus chora por Jerusalém, ele lembra que o povo daquela cidade matava e apedrejava os profetas. No entanto, ao invés do seu coração se encher de desejo de vingança, ele expressa a sua compaixão: “Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” (Lucas 13.34).

Quando nos deparamos com os graves problemas espirituais do nosso país, como a corrupção, a violência, os relacionamentos difíceis dentro e fora das famílias, das igrejas, em ambientes de trabalho e na sociedade de modo geral, precisamos suplicar a graça de Deus para que o coração do seu povo se encha de compaixão, a mesma de Jesus que, não ignorando a dor pessoal e espiritual expressas pelo seu choro, olha para aquela cidade, onde derramaria o seu próprio sangue e exclamaria: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
(Pra. Zenilda Reggiani Cintra, publicado em O Jornal Batista, 09setembro2012)

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