Zenilda Reggiani Cintra
http://caminhosdamulherdedeus.blogspot.com/
Ester havia chegado a um lugar quase impossível: no
palácio como rainha. Linda, escolhida em um concurso de beleza, top model do
seu tempo, cercada de todo o bem estar e privilégios outorgados pela potência
militar da sua época, ela podia exercer o seu papel protegida pelo poder.
Mas havia algo que certamente machucava o seu
coração: sua identidade como parte dos judeus, nação estigmatizada naquele
reino, estava escondida. Ao mesmo tempo em que esse fato a isentava de ter que
prestar contas, possivelmente lhe trazia sobressaltos e também pesar por não poder
reconhecer sua família e viver com liberdade os relacionamentos com seus amigos
e o seu povo.
Os tempos difíceis chegaram e com eles a ameaça de
extinção dos judeus. E então ela é
chamada para cumprir o propósito para o qual Deus lhe havia dado tudo o que
tinha. “Para um tempo como este...” (Ester 4.5), são as palavras que ela ouve e “não para você
mesma”. Que momento difícil! E com a
mesma autoridade com a qual é convocada, influencia o rei a autorizar os judeus
a lutarem por suas próprias vidas e o seu povo: “Cada um no seu lugar...”
(Ester 8.11). Não era ela sozinha, mas todos juntos em ação para que cada um tivesse
a sua vitória.
Com características diferentes e em outros
contextos, essa história se repete. Quantos de nós estamos em lugares
privilegiados neste tempo em que vivemos? Pessoas que têm acesso a recursos, à
instituições capazes de exercerem a justiça, que são formadores de opinião e,
principalmente, têm autoridade para decidirem ou participarem de decisões que
influenciam a vida de muitas pessoas, famílias e igrejas.
Para um tempo como este Deus nos colocou no lugar
onde estamos. E cada um no seu lugar. Para percebemos as lutas, as questões
pendentes, nos levantarmos com coragem e firmeza para que a justiça aconteça e
para não sermos derrotados em decisões urgentes e inadiáveis.
Se Ester não agisse ativamente naquela hora,
socorro e livramento Deus traria de outra parte, mas ela não poderia participar
daquele momento com o seu povo, “o mês
que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa” (Ester 9.22).
(Publicado em O Jornal Batista, 04março2014)
(Publicado em O Jornal Batista, 04março2014)
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